Exercemos nossa privacidade em nossos espaços privados. Meu quarto, meu quintal, meu banheiro, por exemplo, são espaços meus que ninguém pode invadir ou afrontar.
Quando decidimos sair de um espaço privado e vamos a um espaço público, estamos indo ao encontro de durezas e delícias, suavidades e asperezas, maldades e gentilezas, enfim, um mundo confuso e cheio de problemas que nos cercam.
Problemas privados são tratados em espaços privados. Problemas públicos são tratados em espaços públicos.
Ao protestar contra um ou outro governante, por exemplo, estou lidando com um assunto público em um espaço público. É um direito democrático que eu tenho. A própria lei brasileira o prevê.
Quem não quer ser incomodado pelo meu protesto pode abandonar o espaço público e retornar ao seu espaço privado. Lá, com certeza, estará livre de incômodos.
Isso é o que se chama de democracia.
Essa minha argumentação é uma resposta a alguém que, anonimamente, fez chegar ontem às minhas mãos um guardanapo com uma frase escrita em tom de crítica ao protesto que o curso de História está promovendo nesta semana de 24 a 29 de agosto de 2009 na UEG-Unidade Universitária de Formosa.
A frase no guardanapo é conhecida: “O direito de um acaba quando começa o do outro !”. É evidente que ninguém feriu o direito particular de ninguém. Reagindo contra o desrespeito com que nossa classe profissional foi tratada, exercemos nosso legítimo direito de protestar. E protestamos em um espaço público, sem violar leis e nem invadir o espaço privado de ninguém.
A você, que me enviou aquele guardanapinho, faço a seguinte recomendação: aprenda a lidar com a complexidade deste nosso mundo. Você ainda vai se decepcionar muito mais se achar que a vida aqui fora é tão cor-de-rosa como o seu quarto, o seu banheiro ou qualquer outro espaço privado seu.
Nosso direito de protestar continua de pé e, em defesa da classe docente, próxima sexta-feira tem novo apitaço.
Ao contrário de você, assino abaixo e me exponho ao embate de idéias (não temas e venha para o debate também).
FÁBIO SANTA CRUZ
Doutor em História e Professor da UEG-Formosa
Na minha opinião, essa pessoa que escreveu o bilhetinho é uma alienada aos problemas sociais em que vive, quanto mais os da Universidade. Parabéns Professor Fábio, compartilho da sua indignação e pode contar comigo.
ResponderExcluirItamar Felix
Aluno do 2º ano de História.